terça-feira, 27 de janeiro de 2009

NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS (2)


Continuação de "NÃO TOQUEIS NOS MEUS UNGIDOS (1)"
3 - Não devemos presumir que todas as pessoas que se dizem ungidas de facto o sejam. Lembremos o que Jesus disse acerca dos "ungidos": "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do Meu Pai, que está nos céus" (Mt 7:21). Na época do apóstolo Paulo também havia muitos "ungidos" ou que aparentavam ter a unção de Deus (II Co 11:1-15; Tt 1:1-16).
Cada vez mais líderes de igrejas andam atrás de popularidade, títulos, status, etc. Nada disso denota que alguém seja "ungido de Deus" e que esteja imune à contestação à luz da Palavra de Deus. Muitos enganadores, ao serem questionados quanto às suas pregações e práticas antibíblicas, têm citado a frase em análise. Para eles não há espaço para o debate teológico. A única interpretação é a dos líderes. Qualquer crítica é sinónimo de rebeldia, insubmissão, etc.
Se alguém, à semelhança de Saul, foi um dia ungido por Deus, não cabe a nós matá-lo espiritualmente. Entretanto, isso não significa que nos devamos silenciar ou concordar com todos os seus desvios do Evangelho (Fp 1:16; Tt 1:10,11). O próprio Jónatas reconheceu o desvio do seu pai e descumpriu, acertadamente, as suas ordens (I Sm 14:24-29).
O próprio Jesus tomou uma boa porção do Seu ministério para denunciar e confrontar aqueles que abusavam espiritualmente de outras pessoas.
Cada vez mais se vêem "cães" (ou "lobos" conf. Mt 7:15) que não têm interesse verdadeiro pelas ovelhas, despreparados, preguiçosos. Só se interessam pelo que podem conseguir do "rebanho". Pensam e agem assim porque sabem que os leigos os têm em alta estima e ninguém vai realmente querer peitar o "ungido do Senhor". Quando encontram resistência por parte de uma "ovelha", a atitude deles é acusá-la de insubordinação, insubmissão, rebeldia e falta de consagração a Deus. Pensam que são inatacáveis e não podem sofrer nenhum tipo de crítica ou censura. Qualquer pessoa que ouse criticá-los ou condená-los por práticas abusivas será severamente tratada.
David é um exemplo de "ungido do Senhor" que cometeu erros e sofria críticas. A unção na vida de David não era nenhuma garantia de que estava imune do poder do pecado, ou que não poderia ser criticado e que estaria isento da disciplina de Deus.
Existem muitos homens, mas muitos mesmo, que se intitulam de pastores, apóstolos, etc., são até mesmo ordenados, mas que na realidade não são pastores de verdade. Muitos gostam de pensar acerca de si mesmos como pertencendo a uma casta realmente separada e distinta de todos os outros irmãos. Eles adoram serem exaltados e tratados com toda a honra, toda a deferência e toda a pompa e circunstância.
Em suas mentes imaginam que os "títulos" que possuem os habilitam a dominar, governar e até reinar sobre o povo de Deus. No N.T. vemos que os títulos de Ef 4:11 são meros descritores de funções e não possuem nenhum tipo de conotação hierárquica ou de posição ou nível. Não existe nenhuma diferença posicional entre os crentes. O que existe são funções diferentes. Os termos que o N.T. usa de "pastor", "presbítero" e "bispo" não descrevem ofícios e sim as funções que precisam ser desempenhadas por aqueles chamados para cuidar do povo de Deus.
No reino de Deus não há hierarquia. Todos somos irmãos. Uns com responsabilidades espirituais, outros com responsabilidades materiais, etc., mas todos somos iguais. Como já vimos, os títulos de Ef 4:11, são meros descritores de funções. Contudo alguns fazem jus à hierarquia. Em muitos casos, não é permitido sequer chamar alguém com cargo importante pelo nome (tal seria uma desonra), mas sim pelo cargo que ocupa, por exemplo, “pastor fulano”, “bispo X”, “apóstolo Y”, etc.

4 - O verdadeiro sentido bíblico de "toqueis" e "maltrateis": O texto de Salmos 105:15, no original bíblico, em nenhum sentido próíbe o juízo de valor, o questionamento, o exame, a crítica, a análise bíblica de ensinamentos e práticas de líderes, pregadores, cantores, etc. Até porque o sentido de "toqueis" e "maltrateis" é exclusivamente quanto à inflição de dano físico.
TODOS NÓS, que somos filhos de Deus, FOMOS UNGIDOS DIRECTAMENTE PELO PRÓPRIO DEUS. A expressão "ungido" também é usada para se referir a todos os cristãos e indica que os mesmos são consagrados ou separados para o serviço de Deus (I Jo 2:20).

HÁ NECESSIDADE DE...
... verdadeiros pastores que cuidem e amem as suas "ovelhas", para que não sejam dispersas, abandonadas e devoradas por "feras". Que os tratem como filhos.
... que não sejam controladores, nem manipuladores, mas antes orientadores pelo ensino correcto da Palavra de Deus, pregada de uma forma genuína e não adulterada.
... caso haja erro, que peçam perdão. São humanos como todos os homens. Bob Mumford, um dos líderes do movimento de discipulado dos E.U.A. reconheceu seus erros graves, se arrependeu e pediu perdão. O orgulho tem cegado muitos!
“Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.”

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