segunda-feira, 24 de junho de 2013

Graça no Local de Trabalho

De vez em quando ouvimos pessoas a discutir os méritos de diferentes religiões e sistemas de crenças. Porém, um dos aspectos que é único apenas no cristianismo é o conceito de Graça, definida como “favor imerecido” ou “aceitação incondicional”.

Este conceito não é algo que possa ser conquistado, tampouco algo que recebemos por mérito próprio. Muito pelo contrário, graça é receber o que jamais merecemos.

Graça é um conceito estranho no meio profissional e empresarial. Fala-se na ideia de “ter que ganhar a vida”. Há profissionais, especialmente da área de vendas, que recebem bónus pelo seu desempenho, de acordo com o volume de negócios que geram para a sua empresa, ou o desempenho da companhia sob a sua liderança. Com que frequência se ouve falar de empregados que se mantêm no seu posto de trabalho
sem o "merecerem”, quando deviam ser despedidos?

Ao pensar na minha carreira como jornalista, recordo que muitas vezes fui beneficiado pela graça, ocasiões em que, se eu fosse o meu próprio chefe, provavelmente eu teria sido despedido.

No meu primeiro ano como editor dum jornal, contrariado com um debate que decorria numa reunião de Assembleia da Câmara Municipal, levantei-me para dizer o que pensava. Na minha fraca experiência, perdi a consciência de que o meu trabalho consistia apenas em relatar notícias e não em criá-las. O resultado foi o meu chefe receber uma queixa acerca da minha atitude. Graciosamente, ele relevou o meu equívoco jornalístico, atribuindo-o à exuberância e ingenuidade normais da minha juventude, mas alertando-me para jamais cometer o mesmo erro.

Anos mais tarde, noutro jornal, eu estava lamentavelmente a falhar na minha primeira tentativa de supervisionar a produção da edição da manhã. No último minuto, o editor-chefe chegou e veio em meu socorro. Ao invés de me repreender ou, pior ainda, dispensar-me, ele simplesmente chamou-me à parte, afirmou a sua confiança em mim e, ofereceu algumas sugestões que seriam úteis no futuro.

Noutra altura, foi quando eu fui contratado para fazer parte da equipa de CBMC, mesmo quando a minha experiência era insuficiente em algumas áreas. Um perfil psicológico definiu-me como "um diamante em bruto" e o meu chefe nessa altura optou por se concentrar no meu potencial, em vez de no meu percurso até esse ponto. Mais uma vez, eu era um beneficiário da graça.

Na Bíblia, encontramos inúmeros exemplos da Graça: Jacob, que enganou o seu irmão Esaú, tomando-lhe a primogenitura; José, que ostentava ser o favorito do seu pai diante dos seus irmãos; Moisés, que matou o capataz egípcio; Davi, o rei que se envolveu em adultério e tentou encobrir o facto determinando a morte do marido da mulher que seduzira. Cada um deles foi usado por Deus duma maneira extraordinária.

Jesus frequentemente ofereceu Graça aos Seus “trabalhadores”. Em João 15:16 Ele lembrou ao atabalhoado grupo de seguidores: “Não foram vocês que me escolheram, mas sim eu que vos escolhi e enviei para produzirem muito fruto...”. Mais tarde, depois de Simão Pedro ter negado o Seu Mestre três vezes, Ele perdoou o impetuoso discípulo e o instruiu: “... Toma conta das minhas ovelhas” (João 21:17).

Com aquelas poucas palavras, sem rodeios, Pedro foi restaurado para o serviço. Obviamente um empregado pode tornar-se inadequado para um trabalho específico. Um comportamento antiético ou imoral pode fazer com que a demissão seja a única saída. Mas algumas vezes, quando alguém não “está à altura”, oferecer graça pode fazer toda a diferença, no que diz respeito ao indivíduo vir a ser um membro valioso e
produtivo na equipa ou na comunidade. Pense nisto!

Robert J. Tamasy , vice-presidente de comunicações da Leaders Legacy, corporação beneficente com
sede em Atlanta, Georgia, USA. Com mais de 30 anos de trabalho como jornalista, é co-autor e editor de nove livros.