segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sabedoria na Escolha de Colaboradores

A maior riqueza no mercado de trabalho e no serviço da comunidade!
por Rick Boxx
O maior recurso duma organização é o seu quadro de colaboradores.  A empresa ou qualquer instituição podem ter os mais avançados produtos e serviços, volume substancial de capital, estratégias incomparáveis de marketing, boa reputação, entre outros.  Mas, sem colaboradores qualificados – tanto em experiência e capacidade, como ao nível do carácter – para levar avante a sua missão, o seu sucesso não estará de forma alguma assegurado.

Há algum tempo atrás, quando trabalhava como auditor, eu e um outro membro da equipa estávamos a correr para terminar uma auditoria a tempo de apanhar o nosso voo para casa.  Inesperadamente, aconteceu um “apagão” na energia eléctrica da cidade e não foi possível tirar as cópias dos documentos que precisávamos.  Chamei o jovem que tinha sido designado para ser o meu assistente e disse-lhe:  “Vou tentar ir à cidade mais próxima para tirar cópias.  Entretanto, quero que verifiques cada item deste questionário junto com o contabilista.  Depois, embala todos os documentos e equipamentos para partirmos assim que eu voltar”.  Quando regressei, fiquei perplexo ao encontrar o jovem a dormir profundamente à mesa da sala de reuniões.  Estava tudo por fazer e quando o acordei, começou a gaguejar algo acerca de estar numa ressaca.

Exasperado, telefonei para o nosso associado em Atlanta e disse-lhe que aquele jovem, na minha opinião, deveria ser chamado à atenção pelo seu comportamento totalmente impróprio e nada profissional.  Mais tarde, soube que eles ficaram tão embaraçados com a situação que decidiram despedi-lo.

Na Bíblia, encontramos muitas observações sábias sobre o carácter das pessoas, incluindo a sua diligência e motivação.  Provérbios 10:26 afirma:  “Como o vinagre irrita os dentes, e o fumo, os olhos, assim o preguiçoso irrita aquele que o envia”.  Com toda a sinceridade, lidar com aquele jovem tolo despertou em mim sentimentos idênticos deixando-me irritado.  Este colega desmotivado fez-me lembrar também dum outro provérbio:  “A preguiça faz dormir profundamente;  a inacção faz passar fome”  (Provérbios 19:15).  Nunca mais soube o que aconteceu com ele, mas espero que a sua demissão tenha servido para o despertar!  É que...  “Confiar uma mensagem a um insensato é como cortar os próprios pés:  só traz problemas”  (Provérbios 26:6).

Em contraste, considere o seguinte provérbio que oferece um vigoroso estímulo, tanto para quem lidera como para quem é liderado:  “Como água fresca no tempo quente da colheita, assim é o mensageiro fiel para os que o enviam, porque reconforta o ânimo dos seus senhores”  (Provérbios 25:13).

Uma vez que o quadro de pessoal duma empresa ou instituição representa a sua organização, tanto internamente como externamente, interagindo com os sócios, os associados, os clientes ou o público em geral, então é importante que os responsáveis escolham os seus colaboradores com sabedoria.  Não basta confiar apenas numa reputação profissional sólida, ou no nível de negócios que têm sido realizados no passado.  Uma fraca actuação ou uma conduta deficiente podem deixar uma impressão negativa e duradoura, muito difícil de ultrapassar.

Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, ex-executivo bancário e empresário.  Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca da integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã.

“... examinem tudo... guardem o que é bom”

(I Tessalonicenses 5:21, versão “Bíblia para Todos”)
por Jim Mathis

Conversando com um web designer, ele garantia que hoje em dia toda a gente estava a usar outro navegador de Internet, e que eu poderia melhorar o desempenho do meu sistema informático e aperfeiçoar a minha página web fazendo o mesmo.  Segundo ele, o browser que eu usava estava ultrapassado e deveria ignorá-lo.  Frequentemente, encontro amigos que falam de pessoas importantes, como eles, que usam computadores de determinada marca e que me aconselham vivamente a fazer o mesmo.

Pesquisei um pouco ― o que é muito fácil de se fazer ― e constatei que a percentagem dos que acedem aos meus sítios na net, usando o tal navegador, é de apenas 8%.  Mais de 90% usam a versão que ele disse ser antiga.  Descobri também que apenas 7% usam a marca de computadores que ele me recomendou.  Esta conclusão fez-me lembrar que é preciso cautela com as opiniões alheias.  Também me ajudou a lembrar da necessidade de ser cuidadoso ao expressar opiniões, já que podem facilmente ser verificadas e refutadas por dados concretos.

Em Actos 17:11 a Bíblia diz que “Os judeus dali [os Bereanos da cidade de Bereia] eram mais bem formados do que os de Tessalónica, pois receberam a mensagem com muito boa vontade, e todos os dias estudavam a Sagrada Escritura para verem se o que Paulo dizia era mesmo assim.”  Digamos que o acto de examinar as Escrituras para verificar os factos, revela a origem dum carácter nobre.

Não devemos aceitar cegamente o que os outros nos dizem sem procurar fazer um cuidadoso estudo por conta própria, quer seja na vida pessoal, profissional, nos negócios, decisões, etc.  Porém, é ainda mais crucial com as questões que têm consequências eternas.  Pode não fazer grande diferença o tipo de navegador que preferimos usar, mas compreender a amizade de Deus e o perdão que Ele oferece por meio da fé em Jesus Cristo, isso tem consequências extraordinárias e eternas.  Sendo assim, as nossas conclusões não podem ser fruto do acaso, nem baseadas nas opiniões dos outros.  É preciso estudar o Livro que é a fonte original do ser humano – a Bíblia.
Depois daquela conversa com o meu amigo web designer, acabei por aceitar descarregar o navegador de internet que ele recomendou e descobri que de facto oferece algumas inovações.  Mas o que usava antes tinha também as suas vantagens próprias.  Ambos são apenas ferramentas e não parece existir uma que seja universalmente perfeita para navegar na Internet.  Acho que quanto mais ferramentas tivermos à disposição, maior será o conhecimento de quando e como usar melhor cada uma.

O mesmo se aplica ao nosso crescimento pessoal autêntico.  O estudo da Bíblia é a ferramenta mais importante para aprendermos a conhecer muito sobre Deus.  A oração é outro componente eficaz para o desenvolvimento pessoal, assim como o devido encorajamento ao serviço da comunidade, o aprender nas mais variadas áreas da vida, o convívio, leitura de bons livros e outros meios afins.  Mas lembre-se sempre: 
·          -- Não acreditar cegamente em tudo o que se ouve;
·         - Filtrar e colocar à prova todos os recursos disponibilizados;
·         - Estar atento e aberto ao que Deus fala. 



Texto da autoria de Jim Mathis, director executivo do CBMC em Kansas, Missouri e, em conjunto com a esposa Louise dirigem uma Cafeteria.  Tradução de Mércia Padovani.  A equipa de revisores desta publicação é constituída por Edite e Fernando Ascenso, Emanuel Resina, Heike Gomes, João Borges, entre outros.

Questões para Reflexão ou Discussão 
1.   Quando necessita de conselhos como é que decide onde procurar?  E o que costuma fazer com as informações recebidas?
2.   Já lhe aconteceu receber conselhos de alguém com grande convicção e, depois, descobrir que ele afinal estava errado?  Quais foram as consequências disso?
3.   Muitas publicações que circulam entre os líderes no mercado de trabalho e em negócios importantes referem a importância e necessidade duma orientação divina para o bem-estar na sociedade.  Que recursos considera úteis para o crescimento e consequente bem-estar espiritual?
4.   Qual é a sua opinião sobre a metodologia usada pelos Bereanos ao conferirem a veracidade do que Paulo lhes ensinava?
Se desejar considerar outras passagens sobre o tema, consulte:  Salmos 119:9 a 11;  Filipenses 4:8 e 9;  I Tessalonicenses 5:21;  II Timóteo 3:14 a 17;  Hebreus 10:24 e 25.  (Se ainda não possui um exemplar da Bíblia sugerimos o seguinte link para consulta:  www.abibliaparatodos.pt). 

A Confissão Faz Bem à Alma

Muitos oradores profissionais compreendem que falar sobre os seus fracassos pessoais torna-os mais bem vistos e estimados pela sua própria audiência.  O problema é que para fazer isso é preciso humildade e transparência num grau que muitos não estão dispostos a alcançar.  Por isso fiquei muito impressionado ao ouvir o Sr. Chip Ingram falar num evento da “Faith Incorporated” apresentado na nossa cidade.

Ao falar sobre a importância de integridade pessoal, Ingram confessou algumas deficiências pessoais diante dum público que o ouvia.  Ele não fez apenas uma reflexão sobre incidentes dum passado distante, mas também falou de circunstâncias recentes, admitindo que não sentia orgulho em reconhecê-las.  Muitos ouvintes ficaram surpreendidos com a abertura e a sinceridade com que ele contou os seus segredos a pessoas praticamente desconhecidas.

As revelações francas de Ingram não apenas foram transparentes como instrutivas.  Ao contar a sua história, citando as próprias falhas para ilustrar o tema da integridade, ele o fez de tal maneira que serviu de exemplo vivo de humildade a todos quantos estavam no recinto.  Ao mesmo tempo, foi como se ele estivesse a dar permissão aos ouvintes para que fossem eles próprios autênticos, não se escondendo atrás de fachadas de fingimento.

No mundo profissional e empresarial, frequentemente, esforçamo-nos por impressionar as outras pessoas, tentando apresentarmo-nos sob as luzes mais favoráveis.  Preferimos manter os pecados e as falhas pessoais na sombra.  Contudo, o que Ingram fez, foi aplicar um princípio bíblico importante.  Provérbios 28:13 ensina:  “Quem dissimula os seus pecados não prosperará;  quem os confessa e se emenda será perdoado”.  Para Ingram a sua honestidade capacitou-o a encontrar misericórdia, tanto da parte de Deus como do público.  Quanto a mim, a sua palestra fez-me ter a consciência das minhas inúmeras falhas pessoais e, portanto, não desejar atirar pedras ou proferir julgamentos sobre outras pessoas.

Obviamente existem muitas razões para evitar compartilhar as nossas deficiências e fracassos pessoais com os outros:  o constrangimento e a vergonha são algumas delas.  Mas o orgulho é talvez o maior inibidor de todos.  Não queremos que os outros conheçam as nossas imperfeições, mesmo que tenhamos consciência de que toda a gente está muito distante da perfeição.  

Entretanto, o orgulho leva-nos a tentar provar aos demais que somos melhores do que realmente somos.  

 Útil será considerar duas advertências importantes que encontramos na Bíblia.  A primeira é uma declaração simples, embora solene:  “... Não há ninguém que seja justo.  Ninguém!”  (Romanos 3:10).  A segunda encontra-se no livro da sabedoria:  “O coração orgulhoso há-de fracassar;  a humildade é caminho para a glória”  (Provérbios 18:12).  A minha experiência ensina-me que é prudente guardar estes conselhos das Escrituras.  Se cometeu um pecado no trabalho, não tente ocultá-lo.  Por mais difícil que pareça ser, a confissão sincera é sempre o melhor caminho.

Os erros que cometemos têm uma forma irritante de se revelarem, às vezes, nas horas mais inoportunas.  A sabedoria sugere a adopção de uma abordagem mais proactiva, confessando as nossas falhas com sinceridade e de maneira oportuna, ao invés de esperar que elas se revelem por si mesmas de outro modo, quase sempre para nossa infelicidade.



Rick Boxx é presidente e fundador da "Integrity Resource Center", escritor internacionalmente reconhecido, conferencista, consultor empresarial, ex-executivo bancário e empresário.  Adaptado, sob permissão, de "Momentos de Integridade com Rick Boxx", um comentário semanal acerca da integridade no mundo dos negócios, a partir da perspectiva cristã.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Gratidão em Tempos Difíceis

O que é que faz quando enfrenta situações que parecem estar fora do seu controlo?  Talvez o trabalho ou a empresa não estejam a correr bem.  Quem sabe até se está a enfrentar dificuldades financeiras, ou qualquer outra situação pessoal que parece não ter solução.  O que é que faz?  Preocupa-se? 

A Bíblia oferece uma perspectiva muito interessante a este respeito e sugere que, ao invés de nos preocuparmos, deveríamos simplesmente mostrar gratidão:  Não se aflijam com coisa nenhuma, mas em todas as orações peçam a Deus aquilo de que precisam, com espírito de gratidão  (Filipenses 4:6).  Analisemos este conselho cuidadosamente:

1.  Não se preocupar por coisa nenhuma!  A preocupação não muda nenhuma situação.  É perder tempo.  Também não existe ninguém que seja preocupado de nascença.  A preocupação é uma atitude que se aprende.  Provavelmente, aprendeu isso com os seus pais, familiares, amigos, colegas ou através da sua própria experiência.  A boa notícia é:  já que a preocupação é algo que se aprende, ela também pode ser desaprendida.  Jesus disse:  Portanto, não devem andar preocupados com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã já terá as suas preocupações.  Basta a cada dia a sua dificuldade”  (Mateus 6:34).

2.  Orar por todas as coisas.  Use bem o tempo que gastaria com a preocupação, conversando com o Criador e Conhecedor de todas as coisas.  Se orar tanto quanto se preocupa terá muitíssimo menos com que se preocupar!  Algumas pessoas acreditam que Deus só está interessado em saber quantos frequentam a igreja ou quanto dinheiro doam.  ELE, porém, está interessado em todas as coisas, até mesmo com o pagamento da prestação do carro e as dores nas articulações.  Ele tem um cuidado especial com cada detalhe da nossa vida.  Isto significa que podemos conversar com Ele sobre qualquer problema que estivermos a enfrentar.

3.  Agradecer a Deus por todas as coisas.  Sempre que orar, faça-o com muita gratidão.  A emoção mais saudável do ser humano, segundo os especialistas em psicologia, não é o amor, mas sim a gratidão.  Ser grato, na verdade, aumenta a nossa imunidade ou defesas:  torna-nos mais resistentes ao stress e menos susceptíveis a doenças.  Pessoas gratas são pessoas felizes.  Por outro lado, as pessoas ingratas são miseráveis porque nada as deixam felizes.  Nunca estão satisfeitas e nada é suficientemente aceitável.  Portanto, se cultivar uma atitude de gratidão e aprender a ser grato em todas as circunstâncias, isso reduz o stress na sua vida.  

4.  Pensar nas coisas certas.  Se quer reduzir o nível da pressão na sua vida, vai precisar de mudar a sua maneira de pensar.  O modo como se pensa, determina como nos sentimos, o que, por sua vez, determina as nossas acções.  Portanto, se quisermos mudar de vida é necessário mudar aquilo em que pensamos.  Isso requer uma escolha deliberada e consciente para mudarmos os canais da nossa mente tal como mudamos os canais da TV.  Podemos escolher pensar nas coisas certas, concentrar o nosso pensamento naquilo que é positivo e na Bíblia – a Palavra de Deus.  Mas, porquê fazer isso?  Porque a causa principal do stress está na forma como gerimos o pensamento.  Pense, então, de modo apropriado e positivo para minimizar o stress na sua vida.

Quando afastarmos a preocupação, quando começarmos a orar por todas as coisas, quando formos agradecidos, quando nos concentrarmos nas coisas certas, o apóstolo Paulo assegura-nos que o resultado será:  “... a paz de Deus, que vai mais além do que nós podemos entender, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em união com Cristo Jesus”  (Filipenses 4:7).



Texto da autoria de Rick Warren , escritor e conferencista, autor do best-seller "The Purpose-Driven Life" (Uma Vida Com Propósitos), traduzido em várias línguas.

10 RAZÕES PORQUE SOMOS CONTRA O ABORTO

10  RAZÕES  PORQUE  SOMOS  CONTRA  O ABORTO

1. O ABORTO É CONTRA A VIDA
A Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma que “todo o indivíduo tem direito à vida” (artigo 3.º). Também a Constituição da República Portuguesa declara que “a vida humana é inviolável” (artigo 24.º).
De acordo com a ciência, a vida humana tem início com a fecundação, resultante da união de um espermatozóide masculino com um óvulo feminino. Cada uma das células sexuais transporta metade da informação genética do progenitor, de modo que a célula resultante da fertilização, denominada ovo ou zigoto, recebe toda a informação genética necessária para orientar o desenvolvimento do novo ser humano.
O aborto provocado, independentemente do momento em que é realizado, acarreta sempre a destruição de uma vida humana, a quem é negada a continuação do seu desenvolvimento, impedindo-se o seu nascimento e a expressão do seu potencial como criança e adulto. Assim, qualquer referendo ou decreto-lei que legitime a morte de um ser humano indefeso, designadamente a despenalização do aborto, sem qualquer indicação médica que o justifique, é um atentado claro contra a vida humana, e viola a própria constituição portuguesa e os direitos fundamentais do ser humano, expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

2. O ABORTO É CONTRA A MULHER
Sejam quais forem os motivos que a originam, alguns permitidos por lei, qualquer interrupção da gravidez é uma agressão para a saúde física, mental e emocional da mulher. Sabe-se actualmente que qualquer mulher que aborta voluntariamente, mesmo nas melhores condições de assistência médica, tem um risco acrescido de lesões do aparelho genital, infertilidade, abortamentos espontâneos posteriores, prematuridade em gravidezes ulteriores, entre outros. Mais difíceis de quantificar, mas não menos importantes, são as consequências ao nível da saúde mental, nomeadamente depressão, sentimentos de culpa, sentimentos de perda, abuso de substâncias tóxicas e mesmo suicídio. O Colégio da Especialidade de Psiquiatria do Reino Unido (Royal College of Psychiatrists) chamou a atenção, já em 1992, para uma das consequências da liberalização do aborto nesse país: “Ainda que a maioria dos abortos seja realizada com base no risco para a saúde mental da mulher, não há justificação de natureza psiquiátrica para o aborto. [Pelo contrário], coloca as mulheres em risco de sofrerem perturbações psiquiátricas, sem resolver qualquer problema dessa natureza já existente”.
Por outro lado, a despenalização total do aborto, ainda que nas dez primeiras semanas de gravidez, em vez de valorizar a vontade da mãe da criança pode expô-la a pressões por parte de familiares, do pai da criança, da entidade patronal ou mesmo de profissionais de saúde (p.e. por um alegado risco de malformações no feto, que muitas vezes não se verifica), no sentido de interromper a gravidez, mesmo contra a sua vontade. Quanto mais permissiva for a lei, maior é a probabilidade destas situações ocorrerem.

3. O ABORTO É CONTRA O HOMEM
O aborto não pode reduzir-se a um acto que apenas envolve a mulher que o pratica. Há pelo menos mais dois elementos fundamentais em todo o processo: o pai da criança e obviamente o nascituro.
Ao valorizar-se a vontade da mulher de prosseguir ou não com a gravidez, remete-se para segundo plano ou ignora-se por completo a vontade do homem, co-responsável pela concepção e paternidade. Desse modo, desvaloriza-se a sua participação no processo procriativo. Ainda que muitas vezes o elemento masculino do casal não assuma a sua responsabilidade na família, através da despenalização e promoção do aborto livre, descartam-se completamente os deveres do pai da criança.
Sabe-se também, actualmente, que os homens podem sofrer de depressão pós-aborto, especialmente quando tal acto é realizado sem o seu conhecimento e autorização.

4. O ABORTO É CONTRA A CRIANÇA
Já no célebre Juramento Hipocrático (IV a. C.), ao qual os médicos têm procurado obedecer ao longo dos séculos, é expressamente referido: “não fornecerei às mulheres meios de impedir a concepção ou o desenvolvimento da criança”. Condenamos assim, veementemente, a tese de que “as mulheres têm direito ao seu corpo”, na medida em que esse suposto direito colide com princípios que consideramos absolutos, como o direito à vida do nascituro, que apresenta identidade genética própria, distinta dos progenitores.
Nos países que despenalizaram o aborto, os seres humanos correm maior risco de terem uma morte violenta nos primeiros nove meses da sua existência do que em qualquer outro período da sua vida. O útero materno, que deveria ser o lugar supremo de protecção da vida humana tornou-se assim tragicamente, nas últimas décadas, num dos locais mais perigosos. Além disso, sabe-se que muitas crianças, quando descobrem que a sua mãe fez um aborto, numa outra gravidez, desenvolvem perturbações mentais que podem requerer apoio psicológico ou psiquiátrico.

5. O ABORTO É CONTRA A FAMÍLIA
Os filhos são uma parte integrante e significativa de cada família, considerada um dos pilares fundamentais das sociedades civilizadas. A ênfase dada à autonomia da mulher sobre a sua gravidez prejudica o relacionamento conjugal e familiar. Aliás, sabe-se que mais de 80% dos abortos provocados resultam de relações sexuais promíscuas extra-conjugais.
Sabe-se também que uma percentagem significativa de gravidezes não planeadas e mesmo não desejadas, se não forem interrompidas, levam invariavelmente ao nascimento de crianças que acabam por ser extremamente apreciadas e amadas pelos seus pais.
Por outro lado, ao impedir-se o nascimento de crianças através do aborto está-se a contribuir para o grave problema demográfico resultante da diminuição acentuada da taxa de natalidade, em muitos países ocidentais. O mesmo se verifica actualmente em Portugal, o que acarretará consequências nefastas a nível económico e social.

6. O ABORTO É CONTRA A CONSCIÊNCIA
É um facto incontestável que ao longo da história da humanidade, por influência do cristianismo, o aborto era considerado um crime, passível de punição. Contudo, nas últimas décadas, tem-se assistido a uma tendência no sentido da desvalorização da vida humana.
A nível individual, é indiscutível a sensação de culpa que a realização de um aborto acarreta, tanto à mulher que a ele recorre como à pessoa que o pratica. Tal facto deve-se à consciência que cada ser humano possui, e que o ajuda na tomada de decisões morais. Como afirma um provérbio francês, “não há travesseiro mais macio do que uma consciência limpa”.

7. O ABORTO É CONTRA A DIGNIDADE HUMANA
A tradição moral judaico-cristã sempre se preocupou com a defesa dos mais fracos e vulneráveis, como é o caso das crianças, dos órfãos, dos idosos e das viúvas. O aborto nunca é uma solução dignificante, nem para quem o pratica, nem para a mulher que a ele se submete, e muito menos para a criança inocente.
Concordamos com o relatório-parecer sobre a experimentação no embrião, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (1996) que afirma que “a vida humana merece respeito, qualquer que seja o seu estádio ou fase, devido à sua dignidade essencial”. O próprio facto do Senhor Jesus ter passado por todas as fases do desenvolvimento embrionário e fetal, valoriza e dignifica essas etapas da vida pré-natal.
É também um facto indiscutível que o número de abortos aumentou, por vezes exponencialmente, em todos os países que despenalizaram a sua prática.

8. O ABORTO É CONTRA O DIREITO À DIFERENÇA
Em muitos países ocidentais, a liberalização do abortamento provocado tem impedido o nascimento de crianças com anomalias cromossómicas, das quais a trissomia 21 (síndrome de Down) é a mais frequente, bem como com malformações congénitas perfeitamente compatíveis com a vida, e muitas delas com correcção cirúrgica pós-natal, como é o caso do lábio leporino ou do pé boto. Situações mais graves e complexas, como certas malformações cardíacas, podem também ser tratadas cirurgicamente, por vezes mesmo antes do nascimento.
O abortamento destas crianças contribui para uma desvalorização e discriminação de pessoas com deficiências sensorias, motoras e/ou cognitivas, que vivem vidas adaptadas e felizes, apesar das limitações.

9. O ABORTO É CONTRA A ÉTICA
O aborto, o infanticídio, o suicídio e mesmo a eutanásia eram relativamente comuns e socialmente aceites no mundo antigo greco-romano. O abortamento provocado ocasionava, geralmente, a morte da mãe. No século IV a.C. Hipócrates de Cós, com o seu Juramento, impõe uma ruptura com a cultura da morte que prevalecia nessa época. Mais tarde, após a humanização do Direito, por influência do Cristianismo, o aborto passou a ser considerado um crime no mundo ocidental. Deste modo, a norma ética, ao longo dos séculos, tem sido a defesa da vida humana desde a concepção. O aborto induzido é, assim, contra a ética, pois colide com o princípio fundamental da inviolabilidade da vida humana.
Nos raríssimos casos-limite em que a continuação da gravidez põe em risco a vida da mãe, o aborto poderá ser a única forma de salvar a sua vida, o que a actual lei já prevê.

10. O ABORTO É CONTRA DEUS
Para além de todas as razões atrás mencionadas, consideramos que o aborto é uma clara violação da vontade de Deus, revelada nas Escrituras Sagradas. O quinto mandamento declara precisamente: “não matarás” (Êxodo 20:13).
Encontramos na Bíblia a revelação inequívoca de que Deus valoriza a vida humana desde a concepção e que está envolvido no processo procriativo, como p.e. no texto seguinte, da autoria do rei David (Salmo 139: 13-16):
”Foste tu que formaste todo o meu ser; formaste-me no ventre de minha mãe (...) Conheces intimamente o meu ser. Quando os meus ossos estavam a ser formados, sem que ninguém o pudesse ver; quando eu me desenvolvia em segredo, nada disso te escapava. Tu viste-me antes de eu estar formado. Tudo isso estava escrito no teu livro; tinhas assinalado todos os dias da minha vida, antes de qualquer deles existir”.                            

Dr. Jorge Cruz
Presidente da Direcção da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde
(ACEPS-Portugal)