Ted
DeMoss, o já falecido presidente emérito de Christian Business Men’s
Committee, comentava frequentemente nas suas palestras que algumas
pessoas têm “uma formação acima da sua inteligência”.
Era a sua forma humorística de descrever alguém que, apesar dos seus
muitos conhecimentos, havia a probabilidade de pensar muito pouco. Por
outras palavras, ele acreditava que o conhecimento não-trabalhado
poderia ser perigoso se tratado com descuido ou negligência.
Compreendo
bem que a ideia de saber muito e não pensar o suficiente, parece ser
uma característica partilhada por muitas pessoas. Eu próprio já passei
por isto. No início da minha carreira tive a oportunidade de abrir uma
firma de revelação fotográfica apesar de desconhecer esta área de
negócio. Foi necessário pensar cuidadosamente em tudo, fazer
descobertas sozinho e, às vezes, confiar no meu coração e na minha
intuição (hoje sei que era sabedoria vinda de Deus; não era um
conhecimento qualquer que eu possuísse). Essa abordagem intuitiva
trouxe soluções criativas que fizeram com que o estúdio se destacasse
entre os concorrentes, o que acabou por resultar num enorme sucesso
comercial.
Alguns
anos mais tarde envolvi-me noutro projecto. Sentia uma preparação
melhorada e apliquei as mesmas regras dos concorrentes. Apesar de ter
adquirido bons conhecimentos sobre a nova área de trabalho, não estava a
ser mais bem sucedido do que os outros no mesmo ramo. Olhando
retrospectivamente, vejo que isso se deveu ao facto de não ter sido
forçado na criatividade e na busca de novas e melhores formas de fazer
as coisas. Penso que confiámos mais no conhecimento e nas práticas do
nosso ramo. Aparentemente, o “saber demais” não me beneficiava.
Parece
uma contradição estranha. Era de esperar que, quanto mais
conhecimentos houvesse sobre alguma coisa, melhor seria o resultado.
Mas as coisas nem sempre funcionam assim. Tomemos, por exemplo, Steve
Jobs e a força criativa por detrás dos computadores Apple. Duvido que
ele fosse começar a empresa se tivesse vindo duma experiência como a
IBM, que usava uma abordagem diferente na solução de problemas
tecnológicos. A falta de experiência do Sr. Jobs à volta dos
computadores, levou-o a pensar de maneira inteiramente nova, às vezes
não muito ortodoxa, mas que se mostrou muito produtiva.
Na esfera espiritual somos exortados a confiar em Deus e não no nosso próprio conhecimento, senão, repare no texto bíblico: “Confia
no Senhor de todo o teu coração; não te fies na tua própria
inteligência. Apoia-te nele em tudo o que empreenderes e ele te
mostrará como deves agir” (Provérbios 3:5 e 6). Às
vezes isso é difícil para os veteranos do mundo empresarial e
profissional, porque estão acostumados a buscar soluções tangíveis e
mensuráveis para os problemas, em vez de pensar e agir pela fé.
Contudo, é exactamente isto que Deus pede aos Seus seguidores.
Antes
do período renascentista do século XIV ao XVII, supunha-se que as
pessoas eram essencialmente iguais. Se alguém fosse capaz de produzir
algo na arte, na música ou na literatura, devia-se a algum dom
sobrenatural. Dizia-se que a pessoa “tinha” um génio – uma capacidade
divinamente conferida – e não que “era” um génio. Entretanto, no
período do Renascimento, o pensamento humanista concluiu que o homem
possuía criatividade própria, sem precisar de ajuda ou intervenção
sobrenatural.
O
facto é que a Bíblia afirma que Deus concede dons e capacidades
especiais. Assim, não deveríamos atribuir a nós mesmos demasiado
crédito em possui-los, nem tão pouco sentirmo-nos inferiores caso não
fossem possíveis determinados dons tão desejados. Deus proporcionou a
cada um de nós dons e talentos específicos, mesmo quando estes nos
chegam sob alguma forma que não o pareçam ser.
Se
confiarmos n’Ele e na Sua direcção, e não no nosso próprio conhecimento
e entendimento, vamos concerteza descobrir e apreciar plenamente as
capacidades exclusivas que Ele concedeu a cada um de nós.
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