segunda-feira, 13 de julho de 2009

GUERRA CULTURAL CONTRA VALORES CRISTÃOS SE INTENSIFICA NO OCIDENTE

Samuel Pinheiro, 2009-07-01

Cristãos na Europa e nos EUA sofrem ataques de movimentos antiteístas em países que antes foram palco de grandes avivamentos espirituais

A guerra cultural contra os valores cristãos se intensifica no Ocidente e se antes essa posição era na maioria das vezes velada, hoje ela é declarada em alto e bom som. Ou em letras garrafais.
Em Janeiro e Fevereiro, a comunidade de ateus antiteístas da Europa liderou uma campanha no Reino Unido, Espanha e Itália contra a fé em Deus. Numa demonstração de que o espírito do Anticristo já está em plena actuação (“...o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora...”, 2Ts. 2:4), em Londres, onde tudo começou, foram colocados mil cartazes no metro e 800 nos ónibus da capital inglesa com os seguintes dizeres: “Provavelmente Deus não existe; portanto, pare de se preocupar e aproveite a vida”. A Associação Humanista Britânica, que organizou a campanha antiteísta na Inglaterra, também colocou dois telões na Oxford Street para divulgar ataques à fé em Deus.

A mensagem clara dos antiteístas europeus é que a crença em Deus é um estorvo para a felicidade humana. Ou como diria o escritor norte-americano Dinesh D’Souza, o que os antiteístas querem mesmo ao empreenderem uma campanha contra Deus é estimular as pessoas a, como elas, poderem “pecar sem culpa”. Afinal, a não existência de Deus para essas pessoas é o último passo para “libertá-las” de todos aqueles valores morais sobre os quais a sociedade ocidental foi erigida.

O problema desse argumento dos antiteístas é que, cedo ou tarde, ele acaba sendo abandonado por muitas pessoas que sentem na pele os efeitos negativos de seguir um estilo de vida que despreza os valores cristãos. Sobre isso, afirma o escritor evangélico norte-americano Charles Colson, um dos mais célebres pensadores cristãos de nossos dias: “Os cristãos devem entender o choque de cosmovisões que está mudando a face da nossa sociedade. E devemos estar preparados para responder quando as pessoas se tornarem desiludidas com as falsas crenças e os falsos valores e começarem a buscar as verdadeiras respostas”.

Entretanto, os antiteístas chegam ao ponto de não admitir os efeitos terrivelmente negativos da sua pregação e do seu estilo de vida. Ao contrário: chamam o mal de bem. Foi o que aconteceu em três de Fevereiro num evento na Cidade do México. Arie Hoekman, um dos líderes do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), afirmou que o esfacelamento das famílias tradicionais está longe de ser considerado uma crise, mas “deve ser considerada uma vitória para os direitos humanos” (sic).

A insólita declaração do activista foi feita num seminário realizado no Colégio México, na capital mexicana, onde Hoekman defendeu a ideia de que os elevados índices de divórcio e nascimentos fora do casamento não representam uma crise social, mas, em vez disso, “o triunfo dos direitos humanos contra o patriarcado”.

Disse Hoekman: “Aos olhos das organizações conservadoras, essas mudanças significam que a família está em crise. Em crise? Mais do que em crise, nós estamos na presença do enfraquecimento da estrutura patriarcal, como consequência do desaparecimento da base económica que a sustenta e por causa do aumento dos novos valores centrados no reconhecimento de direitos humanos fundamentais”. Esses comentários foram feitos depois do Congresso Mundial de Famílias, que aconteceu na Cidade do México em Janeiro e que ressaltou a importância da família tradicional e o seu papel imprescindível no ensino de valores para a próxima geração. O presidente Felipe Calderon deu início aos trabalhos durante o evento e, na ocasião, ele observou que os elevados índices de divórcio e nascimentos fora do casamento colaboram para o aumento da violência e do crime no país. Ou seja, os activistas contra os valores tradicionais da família querem negar que há uma crise na família, pois foram eles que criaram a crise.

No Brasil, o jornal O Globo noticiou que cada vez mais pais aflitos recorrem à Justiça para resolver os problemas dos seus filhos. Frequentemente, as autoridades testemunham o desespero dos pais quanto à conduta de seus filhos e sem mais ter o que fazer para desviá-los dos tortuosos caminhos da delinquência. Depois de experimentarem por anos o ensino de psicólogos contrários a limites firmes e disciplina, nem psicologia nem psiquiatria conseguem oferecer alternativas para as famílias. Pais desorientados pedem aos juizes que resolvam questões mínimas de limites para os filhos, o que foge totalmente à verdadeira função dos juizes. Isso é um dos frutos da perda dos valores tradicionais da família.

Enquanto isso, os cristãos dos Estados Unidos sofreram um duro golpe do presidente Barak Obama em Janeiro, quando ele deu sinal verde para o uso de recursos vindos de impostos dos Estados Unidos para organizações que realizam abortos internacionalmente e para organizações que fazem campanhas para legalizar o aborto internacionalmente. Mas, se o decreto presidencial agradou aos políticos liberais, provocou a indignação dos segmentos conservadores da sociedade norte-americana. A comunidade evangélica se manifestou contra a medida. O conhecido Pastor e psicólogo norte-americano James Dobson, fundador do Focus on the Family, foi um dos nomes conhecidos que se manifestaram contra o acto presidencial por afectar o mundo ao liberar dinheiro para financiar entidades envolvidas com aborto. Outro a se manifestar contra, foi o rabino Yehuda Levin, porta-voz da Aliança Rabínica dos Estados Unidos, que em 27 de Janeiro criticou a atitude de Obama.

Segundo o Pastor Carlos Eduardo Neres Lourenço, da Assembleia de Deus em Curitiba, director da Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (Facel) e professor de Antropologia e Filosofia, essa onda que começou no Ocidente se estende para além do Ocidente. “Essa distorção não ocorre somente na sociedade ocidental, onde temos um contacto mais próximo, mas tem acontecido em todo o mundo. O mecanicismo e o cientificismo têm tomado conta de um espaço enorme e relativizou os valores morais construídos no seio da sociedade. Essa sociedade tecnicista com pouco foco no ético, despreza os valores cristãos”, argumenta.

Antes da decisão de Obama, existia uma proibição imposta pelo ex-presidente do país George Walker Bush ao uso de fundos do governo para auxiliar grupos que pratiquem ou auxiliem a prática do aborto no exterior. A medida transformou-se numa das principais políticas sociais do governo do ex-presidente Ronald Reagan. O ex-presidente Bil Clinton aboliu a lei quando assumiu o governo em Janeiro de 1993 e seu sucessor, George Walker Bush, a retomou em Janeiro de 2001.

Aliás, o presidente Barack Obama deixou claras as suas intenções já na posse, quando anunciou que os EUA é uma nação que não mais seria conhecido como predominantemente cristã, mas receptiva em sua cultura às mais diversas formas de credos existentes no mundo.
Outro lado preocupante é o anúncio de que os ateus dos EUA estavam dispostos a criar uma escola dominical para crianças onde seria ensinado o ateísmo a elas desde cedo.

Mais outro dado é que a metástase do ateísmo tem-se alastrado até mesmo em instituições de ensino teológico e filosófico. “Na verdade, essa situação ocorreu principalmente na Alemanha e Inglaterra, e se espalha por outros países. Isso também aconteceu com os judeus que, em vez de influenciar os povos ao seu redor, acabaram influenciados e sofreram o cativeiro babilónico. Actualmente, o aluno de Cambridge, na Inglaterra, que precisa concluir seus estudos de Teologia na entidade, precisa se submeter às filosofias dos modernistas e dos críticos da existência do Senhor Jesus”, comenta o Pastor Gordon Chown, missionário inglês radicado no Brasil, tradutor, escritor, autor do livro O Espírito Santo na vida de Paulo (CPAD).

Campanha ateísta sofre golpes na Europa

A campanha ateísta na Europa foi concebida pela roteirista inglesa Ariane Sherine, 28 anos. Ao ler em um site evangélico que “quem rejeita o nome de Jesus passará toda a eternidade em tormento no inferno”, ela ficou incomodada. Atéia, a jovem resolveu conclamar os sem-fé a se engajar em uma contrapropaganda e criou o polémico slogan. Desde então, ela conta com o auxílio do zoólogo britânico Richard Dawkins, ateu militante. Dawkins distribuiu revistas e DVDs com conteúdo directamente ateísta nas escolas visando “libertar os alunos da religião”. O cientista afirmou à BBC, numa entrevista, que o objectivo é “fazer as pessoas se posicionarem contra a religião”. Até ao fechamento desta edição, os organizadores da campanha haviam arrecadado mais de 140 mil euros. Hanne Stinson, directora executiva da Associação Humanista Britânica, diz que a intenção da campanha é “tranquilizar as pessoas que não acreditam em Deus, dizer a elas que não há motivo para desespero e passar uma mensagem positiva”.

Porém, os militantes antiteístas sofreram alguns golpes em seus países. Os ateus italianos enfrentaram a oposição dos partidos políticos conservadores. “Políticos de direita criticam-nos ferozmente”, reclamou Giorgio Villella, da União Italiana dos Ateus e Agnósticos Racionalistas (UAAR), à Agência Reuters. A mensagem “A má notícia é que Deus não existe. A boa é que não se precisa dele” causou protestos na Itália e foi proibida.

A associação catalã União de Ateus e Livres Pensadores (UAL) financiou a publicidade na Espanha por meio de doações recebidas pelo seu site. Dessa forma, em 12 de Janeiro, ónibus com a insólita mensagem começaram a circular nas linhas urbanas 14 e 41 pelas ruas de Barcelona. Porém, a Associação Catalã E-Cristians já começou a arrecadar fundos para uma “campanha crente” também nos veículos de Barcelona.

Na Inglaterra, uma campanha empreendida por uma organização britânica cristã protestou no dia 8 de Janeiro contra a publicidade ateia estampada nos meios de transportes públicos. O que pareceu normal para as autoridades que liberaram os dizeres, revoltou os cristãos londrinos. Os dirigentes cristãos argumentam que a campanha agride o código da publicidade por ser enganosa, uma vez que precisa de fundamento. A Advertising Standards Authority (ASA) estabelece que a publicidade não deve confundir os consumidores. Portanto, os anunciantes devem apresentar provas que demonstrem o que publicam sobre seus produtos ou serviços antes de aparecer em público. “Os promotores da campanha não podem desculpar-se dizendo que se trata de uma ‘questão de opinião’, pois nenhuma pessoa ou entidade firma a declaração.


Apresenta-se como uma declaração de facto, isso significa que deve ser capaz de ser provada, do contrário se rompem as normas”, denuncia Stephen Green, director nacional da Associação Christian Voice. Um porta-voz da ASA declarou que a denúncia foi aceite e prometeu que o conteúdo seria analisado.

Apesar do furor dos activistas ateus em disseminar suas convicções por todo o continente europeu, muitos países não acolheram a campanha com simpatia. A Austrália, que nem faz parte da Comunidade Europeia, também foi alvo dos coordenadores da campanha, mas os ateus estão enfrentando barreiras, porque a maior agência de publicidade ao ar livre do país, a APN Outdoor, repudiou a proposta feita pela Fundação Ateísta da Austrália para espaço publicitário. Até mesmo na Inglaterra, onde tudo começou, a Advertising Standards Authority (ASA) registou cerca de 200 queixas contra a publicidade.

No dia 17 de Janeiro, o motorista britânico Ron Heather, de Southampton, Inglaterra, se recusou a tirar da garagem da empresa em que trabalha o ónibus com os dizeres da campanha. Cristão, Heather não encontrou outro veículo sem os slogans para trabalhar, e então ele avisou aos seus superiores que voltaria para casa. “Disse aos meus chefes que não poderia conduzir esse ónibus, e como não havia outro livre, pensei que era melhor ir embora”. Não restou aos patrões outra alternativa, senão fazer um acordo com o decidido motorista. Ele só dirigirá ónibus sem essa publicidade.

Texto extraído da revista “Mensageiro da Paz” de Março de 2009


Fonte: "Portal Evangélico" (AEP)

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