sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PERDÃO PARA ALÉM DA LÓGICA

PERDÃO PARA ALÉM DA LÓGICA

"A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor..." (Rm 13.8)

As relações humanas são um grande desafio. Há pessoas mais fáceis de amar do que outras, pelos laços que nos unem ou por aquilo que consideramos certo e errado na sua actuação. Provavelmente um dos inimigos mais comuns do desenvolvimento do amor é a falta de perdão. É que perdoar exige disposição, paciência, determinação e aceitação do outro tal como é.

Lucas relata-nos um episódio que demonstrou o exercício do perdão como elemento chave para manter e suster qualquer relacionamento. O texto enfatiza uma mulher pecadora, de conduta imoral, conhecida de todos e um fariseu vestido de justiça própria, leal cumpridor da sua religião.

Aí se destacam duas grandes realidades. O pecado da mulher e a graça de Deus. O fariseu não tinha capacidade nem disposição para perdoar e o pecado que se desfez perante a graça de Jesus. A fim de o fazer reflectir sobre o que acabara de ver, Jesus propôs-lhe o caso do credor que ilibou igualmente devedores de diferentes valores. Qual deles o amará mais? A resposta foi lógica - "Aquele a quem mais perdoou". A pergunta ainda é a mesma. Será que também nós encontraremos uma resposta lógica? A lógica não alcança a dimensão do perdão.

Jesus não pretendia contabilizar pecados mas antes mostrar a profunda revelação que esta mulher adquirira do perdão de Deus. Essa é uma obra do Espírito Santo que "converte do pecado, da justiça e do juízo" e "Aquele que começou em nós a boa obra, a aperfeiçoará...". Uma obra que pode passar despercebida a toda a mentalidade carnal.

Foi o que aconteceu em duas situações com Pedro. Quando Jesus revelou que o seu destino era a cruz, ele opôs-se dizendo: "Senhor, não te faças tal coisa!" Pensamento lógico, a que Jesus respondeu: "Para trás de mim satanás, que não conheces os desígnios de Deus...". De outra vez, confrontado com o significado espiritual do perdão, questiona Jesus quanto aos limites da vontade de perdoar. Até sete? Pedro usa a lógica, Jesus responde com a revelação do amor incondicional... perdão sem limites.

A resposta de Jesus à mulher não consistiu apenas em livrá-la da vergonha do seu comportamento imoral mas em revelar-lhe amor que perdoa, renova e causa uma nova vida. A falha em compreender a dimensão do perdão de Deus para connosco, limita a nossa capacidade de perdoar os outros, e consequentemente o amor que nos identifica como discípulos de Jesus. Não permita que a lógica limite o seu perdão.

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