sábado, 5 de fevereiro de 2011

Deverá um cristão praticar artes marciais?

Dentro do Cristianismo nos deparamos com basicamente três pontos de vista a respeito do assunto. Um que diz que por causa da sua origem religiosa místico-oriental (por motivo de espaço não iremos abordar as principais ramificações das artes marciais), nenhum cristão deverá praticar qualquer forma de arte marcial. Um outro ponto de vista mais moderado diz que desde que o cristão separe os aspectos religiosos das artes marciais, ele poderá praticá-las. Há instrutores que conseguem separar os aspectos religiosos das artes marciais. Se o instrutor promove os ensinos religiosos orientais, o cristão deverá deixar a escola. Se o instrutor separa a prática da arte marcial da filosofia por trás dela, então caberá ao cristão, utilizando a sua boa consciência em Cristo, decidir. Ainda outro ponto de vista diz que a prática de artes marciais é incompatível com o Cristianismo por causa do seu cariz violento. Esta não deixa de ser um ponto de vista legítimo porque na Bíblia muitas passagens falam contra a violência.


Uma grande pergunta devermos fazer a nós próprios, antes avançarmos sobre o assunto: Por que quero praticar artes marciais? Para mostrar que posso bater em qualquer um? Para afligir o meu próximo? Se estas forem as motivações, então seria melhor nem começar. Será que quero praticar uma das artes marciais com o propósito de aprender sobre auto-defesa? A Bíblia de maneira alguma condena a auto-defesa. A auto-defesa é um daqueles assuntos que deve ser determinado pela consciência de cada crente, individualmente. Deve-se pesar os prós e os contras, e em sã consciência, perante Deus, decidir se irá ou não praticar artes marciais. Essa é uma questão de decisão pessoal.

Caso resolva praticar uma arte marcial, quatro coisas recomendamos: Primeiro, o cristão deve estar ciente de que, sendo esta uma área controversa, ele deve ser cuidadoso para não ser causa de tropeço a um outro irmão na fé (Rm 14). Segundo (principalmente para os jovens), o cristão deve resistir à tentação de começar uma briga. Terceiro, o cristão não deve permitir que uma arte marcial enfraqueça o seu compromisso com Cristo (Hb 10:25). A arte marcial não deve ocupar o primeiro lugar na vida de um crente. Isso seria idolatria, pois se Deus não ocupa o primeiro lugar, então o seu "substituto" se torna o seu ídolo. Por quarto, e por último, o cristão deve orar, e examinar sua consciência e seus motivos para se envolver com artes marciais. Estes passos assegurarão que o envolvimento de alguém com uma arte marcial esteja baseado não em motivos fúteis, mas numa consideração bem reflectida.

Partes do testemunho de alguém que praticou artes marciais e foi professor:

“Em 1977, com 10 anos de idade iniciei a prática de artes marciais. Pratiquei assiduamente, treinando de 6 horas por dia, todos os dias. Meu primeiro Professor foi o Levi Leonel, discípulo do Mestre Marco Natali. Depois de algum tempo ele não pode mais continuar naquela academia da Pompéia. Eu assumi as aulas. Mas continuava meus estudos em duas outras academias: Na Associação Shaolin de Kung Fu presidida pelo Mestre Lee Wing Kay e seu discípulo Dirceu Amaral. E também treinava na UNK – União Nacional de Kung Fu, presidida pelo Mestre Marco Natali, e que posteriormente passou ao comando para o Mestre Dani Hu. Com o tempo passei a lecionar na UNK também, estilos Wing Chun e um curso básico de armas chinesas. Posteriormente, treinei um pouco com Dani Hu, onde ele lecionava estilo Serpente. Também pratiquei um estilo no Centro Social Chinês, com o Mestre Fernando Machon Yung, criador de um estilo peculiar, chamado União de Estilos. Nove ao todo... Pratiquei pugilismo. Acabei sendo expulso porque não quis cortar o cabelo. Era bem comprido naquele tempo. Muitas vezes quando voltava dos treinos parava no Cine para ver filmes de Artes Marciais. Hoje o mesmo lugar é a Sede do Ministério Bola de Neve. Aos 18 anos eu já tinha boa técnica e conquistei alguns títulos. Mas os campeonatos eram feitos em academias, ou em pequenos locais improvisados. Às vezes era em um ginásio, outras em escolas.

"Numa determinada altura da minha vida, em que Deus começou a tratar de determinadas áreas da minha vida, Deus cobrou a arma que possuía. Mas não só. Ainda em relação ao carácter violento que eu tinha, também trouxe o Kung Fu à baila. (…) Mestre Zhy [nome dado no livro] convidou-me para participar de uma apresentação regional. (…) Embora me sentisse honrado, e tivesse gostado muito de participar na apresentação, novamente não houve paz dentro de mim. No entanto, esse tipo de coisa eu ainda podia aceitar ou não. A verdade é que começaram a acontecer outras coisas dentro da Academia, e com essas coisas eu não sabia lidar. Porque não me era dado direito de recusa. (…) Não aceitar aquela honra e voto de confiança foi tomado como ofensivo. Depois os problemas aumentaram por causa da reverência. Logo no início da aula, com aquela música chinesa de fundo, éramos obrigados a reverenciar a fotografia de outro mestre. (…) “Olha, Zhy… eu sou cristão… e minha crença não permite que eu me curve diante dos ídolos!” (…) Mestre Zhy me incumbiu de cuidar do altar. (…) Na verdade, tudo na Academia estava me deixando mal. Então… foi assim que comecei a entender que talvez Deus realmente não quisesse que eu levasse adiante o Kung Fu. (…) Percebi que eu estava dando mais valor à destreza e à força do meu punho, confiando mais no meu braço e na minha performance física do que em Deus. Em outras palavras, cultuando a mim mesmo. Sem esquecer que estava também de certa forma cultuando a violência, por mais que a arte marcial preze a paz, ainda assim é a arte da guerra.”

Conselho: se existe em sua vida alguma dúvida sobre praticar ou não Artes Marciais, peça um sinal ao Pai. Eu pedi, e ele me deu!

Fontes:

Christian Research Newsletter
(Adaptado de Paulo Romeiro)

Extracto do livro “Guerreiros da Luz – vol. 1” (Daniel Mastral) e
site www.danielmastral.com.br

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