terça-feira, 7 de agosto de 2012

Desporto por Desporto


por João César das Neves

In DN 

A sociedade moderna, cortando as relações com o transcendente, teve de arranjar mitologias, cultos, teologias para se inspirar. O desporto, como a ciência, música e heroísmo, é um elemento central dessa espiritualidade. Os atletas alegadamente mostram o melhor do ser humano, esquecendo misérias, desgraças e maldades, promovendo a auto-superação, camaradagem, colaboração e paz. Os Jogos Olímpicos são a grande celebração mundial da mística, proclamando bem alto este evangelho.

Mas existe um abismo entre desporto e a alta competição dos certames mundiais que bate recordes. Aí a situação aproxima-se do que a sociedade moderna mais se orgulha de erradicar: a escravatura. O facto de ser voluntária e rodeada de fama não a redime. Torna-a paradoxal.

A vida dos atletas manifesta bem este paralelo. Treinos, dietas, disciplina, lesões, exaustão e sofrimento são coisas que, se fossem impostos a alguém, seriam consideradas campo de concentração. Além disso, há a rivalidade, obsessão pelas marcas, pressão psicológica, humilhações, violência moral, isolamento, exclusividade que são brutais. Até o mandamento central desta fé, levar-se a si próprio ao extremo, é vicioso, pois a virtude está no equilíbrio e moderação. A vida de atleta é, realmente, bastante miserável, destruindo a humanidade, em vez de a ampliar, como garante a mística.

O dogma oculta a verdade com um truque. Não nega a violência e angústia, mas, centrando a atenção nos vencedores, garante que tudo vale a pena perante a alegria do sucesso e a glória da vitória. Mas, ao contrário dos filmes de aventuras, os adversários vencidos não são vilões malvados. São outros atletas, que também pagaram os custos altíssimos, também forçaram e esfrangalharam a sua humanidade, tendo como única recompensa vergonha e fiasco.

A isto junta-se extrema injustiça e impiedade, oculta debaixo do rigor dos resultados. Com os níveis a que chegaram os recordes, o fracasso acontece por milésimos de segundo, centímetros, queda na pirueta, pequeno deslize, ligeira indisposição. Esse nada deita a perder anos de trabalho brutal, que valem zero. E o injustiçado, que se escravizou voluntariamente, nem sequer pode protestar contra o cronómetro, a fita métrica e evidência dos árbitros. Só tem de desaparecer e tentar outra vez, se ainda tiver idade.

Isto aponta outra evidente falha da mística: desporto é para jovens saudáveis. Uma fé que apenas dá sentido à vida a alguns durante uns anos, não presta. Os apóstolos defendem-se dizendo que desporto é para toda a vida, sendo a alta competição apenas dos mestres, como os mosteiros e eremitérios na religião. Mas no desporto, ao contrário da religião, vitória e fama fazem parte da mística. A falsidade da tese vê-se na vida posterior dos grandes atletas.

Tirando o pequeno punhado de superestrelas que vive da celebridade, à esmagadora maioria dos desportistas, mesmo grandes campeões, espera-os anos de nostalgia, anonimato, até miséria, pois muitos desperdiçaram a juventude sem aprender uma profissão útil. A mística tenta esconder a verdade, celebrando glórias passadas, mas ela por vezes emerge, como no filme Belarmino (Fernando Lopes, 1964) ou nas notícias recorrentes de ex-campeões que vendem as medalhas para comer.

É verdade que estes são precisamente os pontos em que toca o espírito olímpico. Ao contrário dos campeonatos, os Jogos dirigem-se a amadores, pessoas que praticam desporto por desporto, não por obrigação. Participar é mais importante do que vencer ou bater recordes. Esta é a teoria, muito longe da realidade. Repetidamente se ouvem os sumo sacerdotes lamentar a perda do espírito olímpico. Em grande medida, os Jogos são apenas mais um campeonato, para os mesmos profissionais que batem o circuito. Mas o mal estava na origem: se apenas interessa a prática, porquê criar medalhas e podium?

O desporto é uma excelente actividade humana, como a arte ou ciência, mas, como elas, não suporta ser erigida em finalidade de vida. O desporto só é desporto se for praticado por desporto.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

FUNDAMENTOS


Vivemos tempos em que a Igreja acrescentou tantas coisas ao Evangelho genuíno de Cristo, que vive sufocada, pesada, sem conseguir respirar… É precisamos urgentemente voltar ao início, e retirar a roupagem dos acréscimos que aos poucos – consciente ou inconscientemente – nos foram anexados.

Hoje as pessoas procuram espectáculos… Conheço onde se faz, e já presenciei, onde alguém “ora” e as pessoas caiem “empurradas”, ou até contratadas para o caso… Milagres contratados… marketing religioso! 

Satanás tem sido astuto, e tem introduzido na Igreja, sem que os cristãos se apercebam, de formas de pensar diferentes das de Jesus. Hoje nos chocamos com alguns ensinos da Bíblia, e não os aceitamos, porque nossa mente foi moldada a não aceitar… e a não ser confrontada.

A Igreja precisa ser como um “Desafio Jovem”, onde vamos para sermos confrontados, e haver mudança de vida… para melhor! E porque muitos não querem mudanças, continuam a viver no pecado… e Deus não pode abençoar!

Deus quer-nos confrontar com o nosso pecado! Confrontar-nos com os nossos hábitos adquiridos que deixaram de ser os desejáveis. Mesmo que nos doa… mesmo que nos fira… precisamos deixar Deus levar-nos outra vez à base da fé… sem anexos que ao longo de anos têm sido “maldosamente” introduzidos, a fim de que a Igreja de Cristo passe a ser uma noiva “santa, pura, sem mácula, nem ruga, imaculada”.

Precisamos voltar ao primeiro amor, onde tudo era simples, e prático. Onde podemos chorar com o que chora, sorrir com o que sorri… abraçar aquele que precisa de um abraço… dar apoio àquele que precisa de um apoio… fazendo tudo de coração… e não fabricado ou para “inglês ver”.

Hoje quero deixar algumas perguntas para analisarmos a nossa vida... Porque hoje é dia de mudança, dia de voltar aos fundamentos.

- Temos tirado tempo para ler a Bíblia?
- Somos obedientes à Palavra lida / ministrada?
- Temos tirado tempo para orar diariamente? 
- Tiramos tempo para conviver com os nossos irmãos na fé? 
- Chegamos atrasados à igreja, mas ao médico não! E por vezes faltamos sem razão, e sem dar satisfação... deixamos a liderança preocupada: "Será que está tudo bem com...?" ... sem motivo de força maior (trabalho, doença) 
- Será que é pedir muito tirar pelo menos 2 horas semanais para estar na casa de Deus?
- Tomamos a ceia do Senhor, por vezes sem pedir perdão àqueles que ofendemos, ou sem haver reconciliação com aqueles com quem estamos magoados! – “Por causa disso há muitos que estão doentes”
- Não damos valor ao dia de ceia, e faltamos…
- Honramos os “anjos” (pastores) que Deus colocou à frente da Igreja, que nos ministram a Palvra? Onde não há honra, há ruina!
- Honramos a nossa congregação? – Por vezes procuram-se outras congregações onde fazem “espectáculo” ou “marketing religioso”.  
- Temos roubado ao Senhor? Nos dízimos e ofertas… Ml 3.10
- Temos deixado que o ensino do divórcio e namoro fora dos padrões da Palavra sejam aceites?
- Temos deixado que a falta de submissão uns aos outros, no temor do Senhor, seja uma prática entre nós?
- Quantas vezes dizemos “eu sempre pensei desta forma”… e não submetemos nossos pensamentos à Palavra?

Voltemo-nos hoje para o Senhor! Arrependamo-nos dos nossos maus caminhos… e Ele endireitará a nossa vida!