“O nosso Cristianismo é testado, não pela         quantidade de dinheiro que damos, mas por aquilo que não damos!”  -         Oswald Chambers (1874 - 1917)
Pobreza — Inimigo a Abater
“Depois, passou para         onde estavam os cofres com ofertas para o templo e sentou-se ali,         observando como o povo dava o dinheiro.  Alguns, que eram ricos,         punham grandes quantias.  Mas veio uma viúva pobre e deixou ficar         duas pequenas moedas.
Chamando         os discípulos, disse:  Aquela pobre viúva foi quem deu mais!          Eles ofereceram um pouco da sua abundância.  Mas ela deu o seu         último dinheiro”    (Marcos         12:41 a 44  -  versão O Livro)
A pobreza é um assunto sobre o qual, provavelmente, não         estão habituados a pensar.  Como seres humanos, temos a tendência         de falar mais da abastança dos outros do que do seu infortúnio.          Podemos dizer que a pobreza é um tema tabu.  Os que são realmente         pobres têm dificuldade em assumirem-se como tal e, os que o não são,         têm quase repelência pelos que se dizem ser.  Para quebrar esse         tabu, pretendo desafiar-te a pensares criticamente sobre a pobreza.
Certamente já te sentiste sensibilizado por qualquer         cena de pobreza que presenciaste.  Talvez nas ruas escuras da tua         cidade, ou numa região remota do país, ou mesmo nas cenas chocantes         vindas de países distantes que foram devastados por qualquer guerra ou         catástrofe natural (como no Haiti recentemente).  Podemos tentar evitá-la, mas a realidade é para onde quer         que nos viremos, vemos pessoas com níveis impressionantes de pobreza.
Os números de pobreza no mundo são assustadores.          Em 1995, 20% das pessoas do planeta eram consideradas pobres e as         estimativas são de que, em 2025, 1500 milhões de pessoas viverão num         estado de absoluta necessidade.  Paralelamente, assiste-se a um         aumento incrível das desigualdades de acesso à riqueza pelas         populações.  Em 1960, 1/5 das pessoas mais ricas do mundo tinham         30 vezes mais recursos do que 1/5 da população mais pobre.  Em         1990, apenas trinta anos depois, os mais ricos possuíam 60 vezes mais         recursos.
O que é a Pobreza?
Definir pobreza é uma tarefa quase tão difícil quanto o         é combatê-la.  Se te pedissem para definires pobreza, como o         farias?  No dicionário encontrarás algo parecido com isto:          “falta daquilo que é necessário à subsistência”.  Ora, vamos         pensar juntos.  Será que alguém consegue viver quando lhe falta a         subsistência?  Por definição, quando se está abaixo do nível de         subsistência não se consegue viver.  Se assim fosse, não haveria         pobres, pois já todos teriam morrido.  Não é uma definição muito         válida.
Talvez seja melhor vermos o que dizem os Governos do         mundo sobre o assunto.  Em 2000, todos os países das Nações         Unidas, juntamente com o Fundo Monetário Internacional, o Banco         Mundial, a OCDE e outras organizações dos países considerados         desenvolvidos, definiram as Metas de Desenvolvimento do Milénio.          Aqui foram delineados objectivos gerais para terminar com a pobreza no         mundo.  Assim sendo, foi definido o nível de pobreza de uma forma         quantitativa.  Era considerada pobre a pessoa que tivesse acesso a         menos de 1 dólar por dia.  Não sei o que pensarás desta definição,         mas imagina-te a viver apenas com 1 Euro por dia...  Quanto tempo         achas que sobreviverias?  Agora pensa o que seria viveres num país         com o custo de vida ainda mais alto, como a Noruega, a Áustria ou o         Reino Unido, apenas com 1 Euro.  Complicado, não é?  Mas, se         por outro lado, vivesses numa vila remota de África, onde o comércio         fosse feito por troca directa, e onde as pessoas não vivessem em         pobreza, dirias:  “Para que é que eu quero um euro ou um dólar por         dia?”  De facto, há pessoas que vivem confortavelmente com menos         do que isso.  Temos de procurar melhor definição.
Há também quem defina pobreza segundo padrões         fisiológicos, ou seja, as pessoas tornam-se pobres quando não têm         recursos suficientes para viver uma vida saudável.  No entanto,         também aqui temos dois problemas.  Em primeiro lugar, será que um         milionário que sofre de uma doença incurável pode ser considerado         pobre?  Em segundo, se pensarmos nos sem-abrigo, muitos deles são         saudáveis, mas destituídos de todos os outros bens.  Não podemos         então olhar apenas para as necessidades fisiológicas.
Outra forma mais filosófica de definir pobreza é olhando         para os pobres não como aqueles que não têm recursos, mas como aqueles         que não os conseguem utilizar ou rentabilizar.  Por outras         palavras, está-se a associar a pobreza com a ignorância ou         preguiça.  Provavelmente, alguns de vós podem dar razão a esta         ideia.  Mas pensem um pouco comigo.  O que é mais fácil:  sobreviver quando se         tem muitos recursos, ou quando se tem poucos?  Para que é         necessária mais inteligência:  para multiplicar a riqueza, ou para         conseguir sobreviver sem ter absolutamente nada?  Como diz um         pensador Inglês:  “muitos dos pobres burros e preguiçosos estão         mortos”.
Certamente que neste momento concordas comigo quando         disse que era quase tão difícil definir pobreza, como acabar com         ela.  Mas mais importante do que a definir é pensar nas suas         causas e em como evitá-la.
Causas de Pobreza
A pobreza é uma rede em que as pessoas ou comunidades se         vêem envolvidas, como uma armadilha de privações, da qual constam         razões que levam o ser humano a perder os meios para fazer face às sus         necessidades:  Falta de Poder, Isolamento, Fragilidade Física e Vulnerabilidade.
Se pensares nestas quatro componentes interligadas podes         compreender como é difícil sair desta armadilha, que leva muita gente a         vidas de privação, aparentemente sem saída.
Que Fazer?
Obviamente que não é fácil indicar as soluções para acabar         com a pobreza.  Nem é esse o objectivo desta reflexão.          Líderes mundiais têm estado envolvidos nesta tarefa durante décadas e         sem grandes resultados visíveis.  No entanto, uma coisa é certa:  o combate à pobreza muito         dificilmente será ganho à escala global, mas sim agindo junto daqueles         que sofrem mais privações.
É responsabilidade de cada um de nós fazer frente a este         inimigo com coragem, determinação e vontade.  Como?  Ora aqui         vão algumas pistas para que penses e, se possível, apliques no teu dia-a-dia.
1.          Pensa Nisto!  Já deste o primeiro passo.  Ao leres este         artigo certamente muitas questões vieram à tua mente sobre a injustiça         e gravidade da pobreza.  Uma consciencialização sobre este assunto         torna-nos mais sensíveis.
2.          Desenvolve um         espírito altruísta.  A sociedade do         Século XX aprendeu e desenvolveu o culto do egoísmo.  As grandes         ideologias políticas foram orientadas pelo desenvolvimento próprio,         independentemente das consequências que pudessem advir para         terceiros.  Foi uma geração falhada.  Cabe-te a ti,         juntamente com esta geração de XXI, mudar o que está mal.  Dos         erros do passado aprendemos que o bem dos outros não significa         necessariamente o nosso mal.  Está na hora de construir um mundo         em que não nos sintamos ameaçados ao procurar o bem dos outros.
3.          Age!  Depois dos dois         passos anteriores, certamente vais encontrar alguém que realmente         precise de ajuda.  Não percas a oportunidade de ajudar.  Uma         proposta de acção é organizares um grupo com os teus amigos e         procurarem alguém a quem ajudar.  Acredita que se vão sentir muito         realizados.  Outra opção é juntares-te a alguma associação de         solidariedade ou apoio social...  Seja qual for a opção que         escolheres, o importante é não ficares parado.
A tua responsabilidade é olhar as necessidades dos outros         e fazer tudo o que estiver ao teu alcance por melhorar a sua         vida.  Força!  Vais ver que vale a pena!  
João         Carlos Martins, in ZY (adaptado)
 
 
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