Quem Disse que o Dinheiro não Compra a Felicidade?
por Robert J. Tamasy
Todas as culturas têm os seus provérbios – ditados populares passados de geração em geração e aceites como verdadeiros. Alguns, contudo, não expressam necessariamente a verdade. Vejamos, por exemplo, esta afirmação repetida frequentemente: “Os paus e as pedras podem quebrar os ossos, mas os insultos nunca poderão ferir”. De facto, os insultos – referências ásperas e insensíveis feitas a outras pessoas – podem ferir sim, e geralmente os danos causados perduram por muito mais tempo do que as dores físicas causadas por algum objecto.
Um outro adágio questionável diz o seguinte: “O dinheiro não compra a felicidade”. Ora vamos lá pensar! Não fica feliz quando recebe um aumento de salário? E quando recebe dinheiro que não estava à espera, isso não faz com que sinta uma certa dose de felicidade? Não fica feliz quando descobre que o objecto que quer vender vale mais do que pensava? Até mesmo a Bíblia reconhece que, “Com riqueza multiplicam-se os amigos; ao pobre até o único amigo o abandona... todos são amigos de quem dá presentes” (Provérbios 19:4 a 6). É claro que diante da escolha entre ter ou não dinheiro, todos escolheríamos tê-lo, não é?
A questão é como é que definimos “felicidade”. Certa vez ouvi um locutor de rádio fazer uma excelente distinção entre felicidade e alegria: “A felicidade”, disse ele, “envolve acontecimentos, factores externos que podem afectar-nos positiva ou negativamente; a alegria é a sensação interna de bem-estar, que não depende do que acontece à nossa volta”.
Quando compramos um carro novo, sentimos uma grande felicidade – o cheiro característico a novo, a última palavra em acessórios e avanços tecnológicos e até mesmo a novidade de conduzir um veículo diferente. Entretanto, se no estacionamento acontece uma amolgadela no pára-choques ou alguém abrir a porta distraidamente e nos der um toque, a nossa felicidade dissipa-se de repente. Com o tempo, a novidade dum carro novo acaba e a nossa felicidade também se desvanece. Portanto, é mesmo verdade que o dinheiro pode comprar a felicidade, mas não a pode manter para sempre!
A alegria pode permanecer mesmo no meio das perdas, sofrimento ou grande adversidade. Envolve um sentimento de satisfação, realização e propósito únicos que não são diminuídos por circunstâncias externas. É, portanto, mais correcto afirmar que o dinheiro pode comprar a felicidade, mas não consegue comprar a alegria. A Bíblia destaca os seguintes pontos:
Visar o alvo correcto. O dinheiro é útil, mas tem as suas limitações. Ele não exerce qualquer valor ou influência quando chegarmos ao fim da vida. Nessa altura, tudo o que importa é a realidade da nossa relação com Deus, e a repercussão da forma como usámos aquilo que tivemos à nossa disposição. “As riquezas de nada servem no dia de juízo. Só a justiça livra da condenação eterna" (Provérbios 11:4 – versão “O Livro”).
Manter o foco sobre as coisas duráveis. Um outro ditado popular afirma que “o que nos chega às mãos com facilidade, facilmente desaparece”. Seria sábio dedicar todo o nosso tempo e energia na busca incansável de riquezas, quando elas podem facilmente perder-se ou nos serem tiradas? “Não corras atrás das riquezas; evita pôr nisso a tua ambição. Pões nelas os olhos e já desapareceram; até parece que elas têm asas e fogem voando pelo céu como as águias” (Provérbios 23:4 e 5).
Acumular a verdadeira riqueza. Se a busca da nossa vida for a alegria – realização, satisfação e propósito – pouco importa se temos muito ou nenhum dinheiro. “Não se preocupem em juntar riquezas neste mundo, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões assaltam e roubam. Preocupem-se antes em juntar riquezas no céu, onde não há traça nem ferrugem para as destruir, nem ladrões para assaltar e roubar” (Mateus 6:19 e 20).
Texto de Robert J. Tamasy , vice-presidente de comunicações da Leaders Legacy, corporação beneficente com sede em Atlanta, Georgia, USA. Com mais de 30 anos de trabalho como jornalista, é co-autor e editor de nove livros. Tradução de Mércia Padovani. A equipa de revisores desta publicação é constituída por Edite e FernandoAscenso, Emanuel Resina, Heike Gomes, João Borges, entre outros.
Quando outra versão não é indicada, as citações da Bíblia Sagrada são retiradas da tradução em português corrente de “a BÍBLIA para Todos”, Tradução Interconfessional. Copyright © 1993, 2009 edição da Sociedade Bíblica de Portugal. Usado com permissão. Informações e contacto: info@sociedade-biblica.pt, www.abibliaparatodos.pt.
Questões para Reflexão ou Discussão
1. Conhece o ditado, “O dinheiro não compra a felicidade”? O que é que acha da afirmação do autor ao afirmar que sim, pode muito bem comprá-la, embora não a possa manter?
2. Como é que o dinheiro o torna feliz? Existe alguma maneira em que ele o faça infeliz?
3. Comente as diferenças entre felicidade e alegria! Concorda ou discorda dessa distinção?
4. Como é que reage às observações da Bíblia aqui apresentadas, sobre o dinheiro e as riquezas?
Se desejar considerar outras passagens sobre o tema, consulte: Provérbios 11:18 e 28; 15:16 e 27; 18:11; 27:24; Mateus 7:24 a 27. (Se ainda não possui um exemplar da Bíblia sugerimos o seguinte link para consulta: www.abibliaparatodos.pt).
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